terça-feira, junho 28, 2005

Glorioso Alvinegro Praiano


No dia 14 de abril de 1912, ele nasceu. Os primeiros anos de vida foram muito difíceis, sempre relegados ao fundo da tabela. Era um time pequeno, do interior (na verdade do litoral). Os grandes da capital, Corinthians, Paulistano e depois o Palestra Itália papavam todos os títulos. O Santos Futebol Clube era um mero figurante nos campeonatos paulistas e passava por grandes privações na vida administrativa. Como um menino pobre lutando em condições desiguais com os riquinhos do bairro.

E o tempo passou. Até que em 1927, já passada a pré-história santista, o time da Vila Belmiro (sim, ela já existia) formou um belíssimo time que fez cem gols no torneio paulista. Porém, não levantou o caneco. Durante os oito anos seguintes o time da baixada mostrou que não era pequeno e beliscou, beliscou até finalmente ganhar o título em 1935. Esta foi a idade antiga, curta mais esperançosa.

O que não foi nada alentador foram os vinte anos seguintes, a chamada idade desértica. Um jejum de vinte anos sem títulos. O jovem conseguiu emprego, se encheu de esperança, mais logo depois ficou no ostracismo do desemprego durante um longo tempo.

Tudo indicava que o time da baixada santista seria um eterno fogo de palha. Porém, em 1955, após um longo período de brumas, como a Idade Média, começou uma nova e maravilhosa fase para o Santos, a Renascença. De 1955 até 1974, o Santos ganhou tudo o que disputou, se tornou o melhor e mais místico time do mundo. Por estes anos, a Vila Belmiro se tornou o palácio real do futebol onde o Rei Pelé desfilava toda sua habilidade. Após o ostracismo, o sucesso veio para ficar no Santos. Já adulto, um pouco idoso até, a
compensação veio.

Mas, a fonte secou, a Vila deixou de ser o palácio real, o Rei parou de jogar. De 1974 até 1995, a idade moderna, um novo deserto apareceu, com alguns oásis esparsos. O homem se acostumou com o sucesso e não se preparou para o futuro. Pagou o preço. Surgiu a dúvida, o que seria do Santos sem Pelé? Será que o Peixe conseguiria se reerguer? A reposta veio a partir de 1995, na idade contemporânea.

Em 1995, o Santos foi vice-campeão brasileiro e a partir daí começou a chegar mais em decisões, ganhar alguns títulos menores. O homem viu que não podia ficar esperando ganhar na loteria. O Santos não podia esperar por um novo Pelé. Tinha que se mexer. E deu certo. Com uma molecada boa de bola, o Santos foi campeão brasileiro de 2002, repetiu o feito em 2004, e voltou ao topo do futebol brasileiro.

Um time pode um dia acabar, assim como o homem um dia morre. Porém, se for administrado competentemente, torna-se imortal. E gerações e gerações nutrem-se desta paixão que é torcer pelo seu time de coração. Uns são mais felizes e vem as fases boas. Outros mais tristes e vêem filas. Outros vêem as duas coisas. Mas somente quem torce pelo alvinegro da Vila Belmiro sabe o que é torcer por um time que tem uma mística enorme. Se o Santos fosse um homem, ele seria aqueles que marcaram a história da humanidade. O Santos é único.

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