quarta-feira, setembro 21, 2005

Campanha de Desarmamento Mata Pobre Brasil


Estava participando de uma discussão sobre o desarmamento e um amigo meu mandou uma sugestão. Já que brasileiro gosta tanto de arma... Reproduzo aqui, sua proposta:


ESTOU APROVEITANDO O MOMENTO PARA DIVULGAR A NOVA CAMPANHA CONTRA O DESARMAMENTO...

MATA LADRÃO BRASIL !!!!! (ou seria melhor MATA POBRE BRASIL!!!!)

MINHA PROPOSTA DE LEI É A SEGUINTE...

ARTIGO 1 - NUNCA TIRAREMOS POLÍTICOS COORUPTOS DO PODER (tirando-os estariamos desarmando a população brasileira de sua mais poderosa ARMA contra o pobre).

ARTIGO 2 - SÓ É PERMITIDO O USO DE ARMAS DE FOGO CONTRA OS QUE GANHAM MENOS DE 2 SALÁRIOS MÍNIMOS.

ARTIGO 3 - AO CONTRÁRIO DAS CRIANÇAS CARENTES, AS ARMAS DE FOGO BRASILEIRAS DEVEM ESTAR SEMPRE BEM ALIMENTADAS. E COM BALAS DE PRIMEIRA QUALIDADE.

ARTIGO 4 - É PROIBIDA A MATANÇA DESENFREADA SEM SILENCIADOR APÓS AS 22:00 HORAS.

ARTIGO 5 - DEVIDO A REGRAS INTERNACIONAIS DA ONU, FICAM DESDE JÁ OS MORROS E FAVELAS COMO ÁREA DE PROTEÇÃO DA FAUNA NEGRA DO BRASIL. É PORTANTO PROIBIDO O USO DE ARMAS DE FOGO NESSES LOCAIS. DEVE-SE ESPERAR QUE O POBRE VENHA À CIDADE PARA QUE O EXTERMÍNIO SE LEGITIME E O BURGUÊS TENHA DIREITO AO CHBSB (Comprovante de Homicídio Benéfico à Sociedade Burguesa)

ARTIGO 6 - CADA CHBSB RECEBIDO PELO CIDADÃO BRSASILEIRO DÁ DIREITO A ESTE A ABATER 2% DE SEU IMPOSTO DE RENDA (Já que cada um dos assasinatos reduz o gasto do governo com o povo)

ARTIGO 7 - FICA TERMINANTEMENTE PROIBIDO, DEVIDO À SUA INOFENSIVIDADE, O USO DE BALAS DE FESTIM NAS ARMAS DE FOGO BRASILEIRAS. BALAS DE BORRACHA SÃO PERMITIDAS SE UTILIZADAS CONTRA ESTUDANTES DO ENSINO PÚBLICO. ARMAS DE BOLINHA PODEM SER UTILIZADAS CONTRA POMBOS, GATOS E RATOS, AMEAÇAS CONSTANTES À INTEGRIDADE DA BURGUESIA NACIONAL.

ARTIGO 8 - PARA SE MANTER DEVIDAMENTE CADASTRADA, TODA ARMA DEVE TER ANUALMENTE RENOVADO SEU CHBSB COM AO MENOS UM HOMICÍDIO DOLOSO.

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quarta-feira, setembro 07, 2005

O país do mensalão - II

Um mar de lama envolve Brasília
Sujando cada vez mais a todos
Somos todos uns coitados
Na mão desses deputados
Que vivem às custas do mensalão

E enquanto tanta gente padece
Esta corja enriquece
Sofremos tantas dores
Na mão desses senadores
Que vivem às custas do mensalão

E os empresários, doleiros e agiotas
Fazem de todos idiotas
E os especuladores, fazendeiros e donos de empresas
Colocam caviar em suas mesas
Às custa do mensalão

E foi um tristeza ver toda uma esperança
Que até emociona na lembrança
Se transformar nesta decepção
Nesta facada no coração
Que é o mensalão

É triste escrever estas palavras. O presidente da República não é o salvador da pátria. Este operário que chegou no poder não é o líder sindicalista de outrora. É apenas mais um que fez de tudo para chegar ao poder e, ao chegar lá, se perdeu.

Eu não gostei quando ele se aliou a gente podre. Vimos que assim não vai. É nojento ver pessoas do PT que eram de combate à ditadura, guerrilheiros, nesta situação.

O PT morreu. A esquerda foi golpeada e eu não quero nem imaginar o que vai ser do Brasil nos próximos anos

O país do mensalão - I

Vivemos no país do "mensalão". A palavra e a crise são recentes, mas o hábito é antigo. Quando os portugueses aqui chegaram, os índios foram comprados pelo "escambão". Espelhos e outras bugigangas foram os primeiros instrumentos corrompedores na Terra Brasilis.

Com o passar dos anos, foi se formando esta raça brasileira, esperta, malandra. O nosso jeitinho é uma marca nacional. Quem é honesto fica para trás e quem é corrupto anda pra frente.

É propina pra todo lado. Engana-se quem acha que a corrupção está restrita à política. Outro dia presenciei um exemplo banal de corrupção: um garçom de um bar pediu dez reais por fora para abastecer a mesa de cerveja. É só um exemplo entre tantos.

O mensalão nada mais é do que um filho bastardo do capitalismo selvagem. A elite que se escandaliza com isso não vê problemas em lucrar milhões às custas da miséria alheia. Escandaliza-se com as malas de dinheiro, mas compra bolsas caríssimas na Daslu. Os banqueiros que lucram com a política econômica do governo Lula devem estar apavorados. Já pensou se a crise vira econômica e eles perdem a boquinha?

Esta busca insana pelo dinheiro acaba produzindo esta sociedade corrupta. Para que ser honesto e passar dificuldades se você pode tirar um dinheirinho por fora? O jeitinho brasileiro é a nossa eterna desculpa... Brasileiro é assim mesmo... É assim e sempre será. E voltaremos a acompanhar a TV Senado como uma novela das 8.

A opção é de cada um. Se vender ou não. Eu já fiz a minha opção:

"Não me vendo pra viver.
Se tiver que viver assim,
Morro de fome.
Não precisa ter dó de mim,
Honre meu nome."

terça-feira, setembro 06, 2005

O samba de terreiro

A primeira escola de samba surgiu no Estácio de Sá em 1929. Foi A Deixa Falar, fundada por Ismael Silva, Alcebídes Barcellos entre outros. Nesta época, já existiam outros agrupamentos, mas estes não eram organizados. O nome “escola de samba” surgiu no Estácio porque este pessoal (que fez do samba sincopado e deu a ele as características que conhecemos hoje) eram os professores do samba, os mestres, assim como na Escola Normal do Rio de Janeiro (também situada no Estácio) saíam professores. Eram eles os professores, a turma que foi precursora do samba.

Existe até um samba (A primeira escola) de Pereira Matos e Joel de Almeida que comprova isso: “A primeira escola de samba surgiu no Estácio da Sá/ Eu digo isso e afirmo, e posso provar/ Porque existiam naquele tempo, os professores do lugar...” O próprio Cartola de Mangueira tirava o chapéu para os professores.

Nos anos 30, as escolas desfilavam cantando sambas quaisquer (só a primeira parte) e os melhores versadores improvisavam na segunda parte. Estes sambas saíam do terreiro das escolas (hoje, quadra). O samba de terreiro era, portanto, o que dava sustentação a escola de samba. Era praticado durante todo o ano e em fevereiro saía para a Praça 11 (local dos desfiles).

Este samba escolhido não tinha nada a ver com o enredo. Por exemplo: o desfile a Mangueira tinha um tema, todos iam fantasiados neste mote mas o samba era um samba de amor. Paulo da Portela, fundador da famosa agremiação de Oswaldo Cruz, foi o primeiro a cantar um samba que tinha relação com o enredo. Pelos idos de 30, ele cantou um samba assim: “Vou começar a aula perante a comissão, muita atenção que eu quero ver se diplomá-los posso/ Salve o ‘fessor’, dá nota a eles senhor/ Quatorze com dois doze, noves fora tudo é nosso”. Na pista, os portelenses iam vestidos de aluno...

Este formato de samba enredo (usando os sambas de terreiro no desfile) acabou quando Getúlio Vargas baixou uma norma obrigando os sambas enredo a terem uma temática histórica. Aí o samba de terreiro ficou restrito ao próprio terreiro e deixou de ser cantado em fevereiro. Nesta mesma época, Vargas passou a censurar os sambas com a temática da malandragem. Surgiu, então, o ‘malandro regenerado’.

Com o passar dos anos, os sambas de terreiro começaram a tocar nas rádios e serem gravados. Aí surgiu uma contradição: ao mesmo tempo que profissionalizava compositores, a ida destes sambistas para o rádio e para o disco desvirtuava o ritual das escolas. Já nos anos 30, Zé com Fome (depois Zé da Zilda), sambista de Mangueira, foi proibido de cantar um samba seu porque estava tocando nas rádios.

Porém, enquanto as escolas preservaram suas características, o samba de terreiro foi preservado (mesmo tendo virado samba de quadra). A partir do momento, entretanto, em que as escolas viraram “Super Escolas S.A.” e os sambistas perderam seus espaços dentro de casa, o samba de terreiro desapareceu. Aluízio Machado e Beto sem Braço cantaram em 1982: “Super escolas de samba S.A./ Super alegorias/ Escondendo gente bamba/ Que covardia”.

Seu Jair do Cavaquinho, 85 anos, fundador e sócio número 1 da Portela: “O samba de terreiro não existe mais. Os jovens da escola não tem mais o espírito que nós tínhamos. Eles só querem saber de fazer um samba para gravar e ganhar dinheiro”.

Cartola e Carlos Cachaça, dois dos maiores nomes do samba e que fizeram muitos sambas para a Mangueira desfilar, viram com muita tristeza a deturpação do samba (tanto na quadra como na avenida). Um samba enredo derrotado deles, “Tempos Idos”, já falava: “... e muito bem representado com inspiração de geniais artistas, o nosso samba, humilde samba, foi de conquistas em conquistas/... já não pertence mais à Praça, já não é samba de terreiro, vitorioso ele partiu para o estrangeiro...”

Hoje em dia, o samba de terreiro sobrevive nas rodas de samba. Em algumas quadras de escola, em bares, em quintais...

Homenagem aos Bambas - I




















Cantando e tocando um samba
Comecei a relembrar tanta gente bamba
A começar pelo mestre Cartola
Que tanta fez escola
E Carlos Cachaça
Duvido que samba como ele alguém faça
E na Estação Primeira de Mangueira
Partideiro não toma rasteira
Bate pandeiro e toca cavaco
Fazendo no terreiro o maior balacobaco
E ainda tem Cícero, Helio e Padeirinho
Preto Rico, José Ramos e Nelson Cavaquinho
Indo pra Oswaldo Cruz
Onde o samba tanto seduz,
Chegamos a Portela
Que coisa mais bela!
A escola de Paulo e Claudionor
Este é o meu amor!
E se o meu coração não me engana
Lágrimas derramarei ao ouvir Chico Santana
Principalmente se no samba for parceiro
Argemiro do Pandeiro
Sei que no pagode da Vicentina e da Surica
A mulata sassarica
E dançando o miudinho
Vai o Seu Jair do Cavaquinho
E o Monarco vai versando com o Wilson Moreira
Parceiro de Nei Lopes em sambas de primeira
E se Paulo é o professor
Sabemos que o Paulinho é o sucessor