sexta-feira, novembro 28, 2008

A cruel foice da ignorância imposta e o aniquilamento de sonhos

Um impulso de criatividade é muito comum acontecer em pessoas que têm a mente muito agitada, são curiosas, gostam de aprender, de pesquisar e de ler. Outros tantos, com pouca erudição, mas uma ânsia de saber imensa e profunda percepção sobre a vida, carregam sabedoria suficiente para realizar algo perene, que se mantenha vivo pela imensa emoção carregada dentro de si. Emoção presente durante o processo artístico e que é devolvida em forma de lágrimas àquele que se identifica com aquilo posteriormente.

Esta mente que não pára, e que fica o tempo todo às voltas com pensamentos, como um colibri rodeando as flores, é, indubitavelmente, uma mente fértil por natureza. E é preciso fazer acontecer, não desperdiçar um solo rico cobrindo-o de asfalto.

Muitos não sabem, mas têm este tal rico solo, pronto para que uma flora esplêndida brote e desabroche. Infelizmente, pela pura preguiça e falta de curiosidade pela vida, não reconhecem isso. Navegam pelos mares da ignorância, conduzidos pelas embarcações da televisão alienante e das estapafúrdias regras morais que regem a sociedade, deixando, assim, esvair brilhantes idéias, projetos e inspirações que muito bem poderiam se traduzir numa bela e autêntica obra-prima artística. É a vitória do asfalto sobre a natureza pujante. Quantos versos, melodias e pinturas foram ceifados pela brutal foice da ignorância imposta?

Às vezes, a força da natureza arrebenta o cimento e árvores brotam do próprio asfalto, destruindo-o. É quando a mente se abre para novas percepções, criando um novo espaço criativo. E não pode-se desperdiçar estas oportunidades riquíssimas. Idéias que vem com uma força sobre-humana não podem ser deixadas de lado, por mais malucas que possam parecer a um primeiro momento. Um ato de gentileza ou palavras bonitas ofertadas a alguém são gestos nobres que não podem deixar de serem feitos jamais, mesmo sendo você uma pessoa tímida por natureza.

E que bonito seria se a humanidade praticasse a gentileza. Flores ao invés de metralhadoras, sorrisos ao invés de falsidade, amor ao invés de embargos, solidariedade ao invés de tortura, paz ao invés de guerra.

Essa gente amiga do samba sabe o que ouvir


Uma das minha grandes diversões das últimas semanas é ficar acompanhando o número de pessoas que baixam os discos que eu posto no Prato e Faca. Muitos dos álbuns lá postados o foram feitos através do Rapidshare, que não nos mostra o número de usuários que baixam os arquivos, ao contrário do Mediafire, que utilizei por alguns meses e que voltei a utilizar agora.

Desde que voltei a usar este último hospedador de arquivos, fico sempre de olho no número de downloads que cada disco tem. E o campeão disparado (dentre os discos hospedados no Mediafire) é o Axé! Gente amiga do samba, do Candeia. Há duas semanas, tomei um susto quando vi que, desde abril, oitocentas e sessenta pessoas haviam baixado a obra-prima. Hoje o número já ultrapassou os novecentos... Se levarmos em consideração que o disco é muito difícil de encontrar nos sebos (e caro) e jamais foi relançado em CD (e esse fosse, certamente a tiragem não ultrapassaria o número de mil cópias), isso é algo louvável. Não pra mim, mas pra eles. Estes novecentos brasileiros que foram atrás de um disco impecável, digno da obra do mestre Antonio Candeia Filho.

Eles não compraram o CD do Candeia porque ele não existe. Os antigos selos que lançavam, todos os anos, diversos títulos de extrema qualidade das mais variadas vertentes da Musica Popular Brasileira, hoje pertencem a grandes gravadoras multinacionais que não estão nem um pouco interessadas em relançar álbuns antigos de pouco (ou zero) valor comercial. Eles querem retorno e o que dá retorno é coisa nova, vendável, comercial, que está na boca do povo. Quase sempre isso é lixo, e nosso tesouro fica lá empoeirado em algum sebo, esperando que alguém vá lá fazer uma correria (comprar o disco, limpar, ripar, jogar no computador, transformar em mp3, colocar todas as informações, subir pra rede e, ufa, postar no blog. Isso chama trabalho voluntário socialista.

E graças a essas contribuições de diversos blogs, nossa cultura vai resistindo. Nossa música é de todos. Viva o acesso livre à cultura.