segunda-feira, outubro 17, 2005

Fique de olho no apito

“Fique de olho no apito/Que o jogo é na raça e uma luta se ganha no grito/ E se o juiz apelar, não deixe barato,/ Ele é igual a você e não pode roubar”. Esta música de Carlinhos Vergueiro já nos alertava para ficarmos de olho no juiz. E nós já ficávamos. Desde que o futebol existe, existe a odiada figura do árbitro (que deveria apenas arbitrar, não julgar). Nas arquibancadas, o único momento em que as duas torcidas gritam juntas é no momento em que o “homem de preto” (hoje em dias colorido) entra no gramado. O coro é um só: “filho da p...”.

Hoje em dia, quando um juiz comete um erro (será mesmo apenas um erro?) a torcida grita: “Edílson, Edílson”. Serão todos os juízes como Edílson Pereira de Carvalho? Desde quando existe esta robalheira no futebol? Não dá pra saber, mas levando em consideração que antigamente o futebol era muito mais amador, acredito que a roubalheira deslavada vem de muito tempo atrás.

Edílson Pereira de Carvalho era um árbitro da FIFA. Ganhava 2500 reais cada jogo apitado. Entrou em um negócio de apostas para ganhar mais dinheiro ainda. Ele fabricava os resultados, ganhava uma comissão e apostadores ganhavam uma bolada. E assim estava ele agindo no Brasileirão. Tinha apitado 11 partidas e feito o resultado em algumas delas. Outras ele não conseguiu. Santos e Corinthians, o último clássico disputado por Robinho era um desses jogos que o juiz não conseguiu roubar. Ele mesmo assumiu.

Eis que surge a nefasta figura de Luis Zveiter, presidente do Supremo Tribunal de Justiça Desportiva e resolve, por conta própria, anular todos os 11 jogos. Um absurdo. Times que tiveram que se desdobrar para ganhar de 12 jogadores (o time adversário mais o juiz), saíram prejudicados.

A arbitragem seguiu errando (ou fazendo placares?) e a cada erro surgia a dúvida: Será que meu time está sendo roubado? Isto sempre existiu, mas existia uma lenda em torno do juiz ladrão, pois nunca se provara nada. Mas agora a história é diferente. Todos os juízes estão sob pressão. Não podem mais errar, o que é humano. Apitam pressionados. Tudo por causa de um (será só ele?) nome: Edílson Pereira de Carvalho.

Onze jogos. Alguns comprovadamente fraudados, outros comprovadamente limpos. Não houve distinção: todos foram anulados por Luiz Zveiter, que como antigamente se fazia na França, reina absoluto e decide, sozinho, o futuro do campeonato.

O campeonato acabou. Tinha tudo para ser ótimo. Casa cheia em muitos jogos, alta média de gols, vários times brigando pelo título... Tudo isso não vale mais. O Corinthians, provavelmente, iria ser campeão. Agora vai ser campeão conquistando pontos que não deveriam ser disputados de novo.

A bola não pára. O campeonato vai acabar, e daqui a 20 anos o nome do campeão estará na história. Mas a história não ira esquecer da vergonha que foi este Brasileirão-2005.

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