quarta-feira, junho 29, 2005

A questão da educação no Brasil

Quando se fala das universidades públicas, os temas de discussão são sempre os mesmos: cotas para negros e pobres, cobrança de taxa de ex-alunos e etc. Será que esta é melhor forma para diminuir esta enorme diferença social que existe nas universidades? Creio que não.

Somente a minoria que estuda em colégios particulares a vida inteira (salvo raras exceções) consegue um lugar nas instituições que deveriam servir para todos. Como consertar isto?. Não é usando cotas!. Isto é nada mais nada menos do que um apartheid. Colocar um negro na universidade simplesmente porque ele é negro é uma atitude racista e injusta . Aposto que este negro gostaria de entrar na universidade como todos. Aposto que este negro não iria se sentir bem em saber que ele só está lá por causa de sua cor e não por causa de suas qualidades.

Se todos tivessem igualdade de oportunidade, não precisaríamos deste método racista. Se todos tivessem oportunidades iguais, a universidade seria um retrato da sociedade: negros, brancos, pobres e ricos juntos.
Portanto, o problema da universidade é mais embaixo. Não adianta tentar consertar o mal sem ser pela raiz. A cobrança de taxas de ex-alunos de universidades públicas também é outra injustiça. O que é público é para todos e ponto final. Cristovão Buarque e Tarso Genro (ministro da Educação que saiu e que entrou) ainda não buscaram a solução do problema pela raiz. Insistem em tentar reerguer o ensino superior público sem se importar com o ensino fundamental e médio.

Infelizmente, temos no Brasil escolas e colégios públicos de péssima qualidade onde professores ganham uma miséria. Enquanto o educador não for devidamente reconhecido e as crianças e adolescentes não tiverem um ensino de qualidade, as universidades públicas ficarão repletas de jovens endinheirados e o resto ficará a ver navios. Para quem não pode estudar de graça (dever do Estado), resta estudar em uma das milhares de faculdades privadas que surgem por aí. Isto é, para quem tem condições de pagar.

O ministro deveria saber que, investindo da na educação de base, todos terão iguais condições de entrar na universidade. Não precisa de cotas, de taxas nem de fim de vestibular. Como esta é uma medida de longo prazo, uma medida de curto prazo poderia ser a criação de vagas públicas em universidades privadas. Isto já seria mais justo.

Criar cotas que nos trazem a triste lembrança da África do Sul pré-Mandela não é nem uma boa opção. Deveríamos enterrar esta triste idéia. Os negros e pobres devem ter um lugar nas universidades. Mas não pela porta dos fundos.

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