quarta-feira, setembro 23, 2009

Um desabafo sobre a Paulicéia


Paulicéia desvairada. Essa camada cinza de poluição que nos encobre dita o nível de clareza que temos nos relacionamentos humanos que nos circulam. Nada é claro, nada é sincero. Tudo é obscuro, falso. O ar sujo é o que temos para respirar. Acostumamos-nos com tanta sujeira que não sabemos ser transparentes. Honestidade é uma qualidade e não uma naturalidade do cidadão. Quando pensamos em fazer algo da maneira correta, já fomos passados para trás. Essa esperteza, esse jeitinho brasileiro é a triste característica que impera.

Mal consigo ver humildade, mal posso sentir bondade, é raro ver solidariedade. Acostumamos-nos a ver miséria e fome. Deveríamos nos indignar e não nos acostumar. Colocamos um véu para cobrir a desumanidade que impera nas ruas. Temos medo de uma criança de rua, esta sim uma vítima da sociedade. A marginalidade é confundida com bandidagem, mas esquecemos que o homem nasce bom e é sociedade que o transforma em sangue bom ou sangue ruim.

Acredito no amor e na amizade. Trato bem todos sem esperar nada em troca. Gosto de surpreender alguém com atitudes espontâneas que demonstrem carinho. Estendo a mão a todos e, se por ventura, alguém não me oferecer um abraço, respeito, me entristeço e mesmo assim solto meu sorriso. Porque o sorriso é a arma para combater sofrimento, a falta de amor e felicidade. Não um sorriso amarelo forçado, apenas um sorriso sincero. Porque se ele não vier, e sim algumas lágrimas para demonstrar alguma mágoa ou tristeza, deixo rolar. Verto em silencio até secar lágrima por lágrima.

Quando sinto essa tristeza, penso naqueles que me fazem feliz. Penso na pureza de alma de alguns. Aqueles que valem a pena passar alguns momentos da vida. Imagino aquela gargalhada invadindo minha mente. E consigo afugentar a dor.

terça-feira, setembro 01, 2009

Saudade

Saudade é navalha de aço afiada
É vento gelado que maltrata uma criança desabrigada
É foice que aniquila uma história inacabada
E não cicatriza mesmo quando a ferida está curada

Saudade é medo de gozar a felicidade
É fuga, é covardia sem sinceridade
É a falsa sensação de liberdade
Que se desfaz com o pranto da verdade

Saudade é a vida sem amor
É solidão comprometida com a dor
É a natureza de quem vive uma vida sem cor
E não colore de alegria uma paisagem de eterno dissabor

Saudade é ausência
É carência
É penitência
É paciência