segunda-feira, outubro 17, 2005

Bala Perdida


Uma bala perdida
Cumpriu sua missão
Não acertou a cabeça de um
Mas em outro, acertou o coração

Bala perdida é aquela
Atirada na largada
No tronco da árvore
Ou no nada

A bala não foi perdida
Quando acertou alguém
Uma bala nunca sai das mãos
De uma pessoa de bem

Uma bala é sempre certeira
Porque destrói sonhos
Nunca faz ninguém feliz
Apenas tristonho

Mama Africa


Itália, 1990. A seleção de Camarões bate a Argentina de Maradona no primeiro jogo do Mundial. Depois de mostrar um futebol ousado, comandado pelo veterano Roger Milla, a seleção africana é eliminada, na prorrogação, pela Inglaterra.

EUA, 1994. Novamente Camarões vai para a Copa. Desta vez vai mal, e cai na primeira fase. Já outro país africano, a Nigéria, cai somente na prorrogação das oitavas de final, contra a Itália. Por questão de um minuto, a Itália não foi para a casa mais cedo.

França, 1998. A Espanha cai na primeira fase da competição. O carrasco: o técnico esquadrão nigeriano, que terminou em primeiro do grupo. Nas oitavas de final, entretanto, a Dinamarca arrasou os africanos. Camarões estava em sua terceira Copa seguida, mas novamente não foi bem.

Japão/Coréia do Sul, 2002. Nigéria em sua terceira e Camarões em sua quarta copa seguida não foram bem. Já a estreante seleção de Senegal bateu a França na estréia e, praticando um belíssimo e envolvente futebol, por pouco não alcançou uma inédita semifinal. O gol de ouro turco nas quartas de final acabou com o sonho.

Alemanha, 2006. A Tunísia bate Marrocos pelas Eliminatórias e fica com uma vaga africana. Habitualmente, uma seleção africana árabe sempre garante uma vaga. Ou vai Marrocos, ou vai Tunísia ou vai Egito. Desta vez deu Tunísia. Já as tradicionais seleções de Camarões e Nigéria, ficaram de fora. A sensação da última Copa, Senegal, também não vai. Togo, Costa do Marfim, Gana e Angola estarão lá.

Gana é uma seleção que tem tradição nas categorias de base e no continente africano. Esta classificação já era aguardada há tempos. Costa do Marfim se amparou no talento do atacante Drogba, que atua no Chelsea e impediu a quinta Copa seguida de Camarões, que também tem um astro internacional, o atacante do Barcelona, Samuel Etoo.

Togo foi uma grande surpresa. É um país pequeno, pobre e inexpressivo mas a seleção local fez bonito, deixou o bom time do Senegal para trás e fez a alegria de sua população.

Mas bonito mesmo é ver Angola na Copa. Um país que sofreu com a colonização portuguesa e com uma sangrenta guerra civil que devastou o país. Após poucos anos de relativa paz, a alegria maior: a classificação para a Copa, que, pela primeira vez a Copa terá três países lusófonos.

Brasil, Portugal e Angola se encontrarão na Alemanha em 2006. O Brasil vai atrás do hexacampeonato, Portugal, de um lugar ao sol. Angola, assim como todos os africanos estreantes, já está no céu.

Fique de olho no apito

“Fique de olho no apito/Que o jogo é na raça e uma luta se ganha no grito/ E se o juiz apelar, não deixe barato,/ Ele é igual a você e não pode roubar”. Esta música de Carlinhos Vergueiro já nos alertava para ficarmos de olho no juiz. E nós já ficávamos. Desde que o futebol existe, existe a odiada figura do árbitro (que deveria apenas arbitrar, não julgar). Nas arquibancadas, o único momento em que as duas torcidas gritam juntas é no momento em que o “homem de preto” (hoje em dias colorido) entra no gramado. O coro é um só: “filho da p...”.

Hoje em dia, quando um juiz comete um erro (será mesmo apenas um erro?) a torcida grita: “Edílson, Edílson”. Serão todos os juízes como Edílson Pereira de Carvalho? Desde quando existe esta robalheira no futebol? Não dá pra saber, mas levando em consideração que antigamente o futebol era muito mais amador, acredito que a roubalheira deslavada vem de muito tempo atrás.

Edílson Pereira de Carvalho era um árbitro da FIFA. Ganhava 2500 reais cada jogo apitado. Entrou em um negócio de apostas para ganhar mais dinheiro ainda. Ele fabricava os resultados, ganhava uma comissão e apostadores ganhavam uma bolada. E assim estava ele agindo no Brasileirão. Tinha apitado 11 partidas e feito o resultado em algumas delas. Outras ele não conseguiu. Santos e Corinthians, o último clássico disputado por Robinho era um desses jogos que o juiz não conseguiu roubar. Ele mesmo assumiu.

Eis que surge a nefasta figura de Luis Zveiter, presidente do Supremo Tribunal de Justiça Desportiva e resolve, por conta própria, anular todos os 11 jogos. Um absurdo. Times que tiveram que se desdobrar para ganhar de 12 jogadores (o time adversário mais o juiz), saíram prejudicados.

A arbitragem seguiu errando (ou fazendo placares?) e a cada erro surgia a dúvida: Será que meu time está sendo roubado? Isto sempre existiu, mas existia uma lenda em torno do juiz ladrão, pois nunca se provara nada. Mas agora a história é diferente. Todos os juízes estão sob pressão. Não podem mais errar, o que é humano. Apitam pressionados. Tudo por causa de um (será só ele?) nome: Edílson Pereira de Carvalho.

Onze jogos. Alguns comprovadamente fraudados, outros comprovadamente limpos. Não houve distinção: todos foram anulados por Luiz Zveiter, que como antigamente se fazia na França, reina absoluto e decide, sozinho, o futuro do campeonato.

O campeonato acabou. Tinha tudo para ser ótimo. Casa cheia em muitos jogos, alta média de gols, vários times brigando pelo título... Tudo isso não vale mais. O Corinthians, provavelmente, iria ser campeão. Agora vai ser campeão conquistando pontos que não deveriam ser disputados de novo.

A bola não pára. O campeonato vai acabar, e daqui a 20 anos o nome do campeão estará na história. Mas a história não ira esquecer da vergonha que foi este Brasileirão-2005.